Um texto sobre um outro texto.

   Acabei de escrever inúmeras linhas sobre sentimentos de insuficiência e inseguranças. Apaguei todo ele porque, sinceramente, não aguento mais ouvir a mim mesma sendo tão cruel comigo. Esses sentimentos não vão deixar de existir porque apaguei as palavras que se referiam a eles, mas não quero lê-las novamente.

   Talvez meu maior cansaço não seja só físico, mas emocional. De todas as vezes que questiono a mim mesma se coisas boas podem acontecer e se eu as merecerei caso aconteçam. Se sou suficiente para estar ao lado de uma pessoa como ela. Subitamente, sinto como se não estivesse fazendo nada, sendo nada, apenas estivesse surtando em silêncio na minha cama. Perdendo toda minha vida para minhas paranoias.

   Eu sei que finalmente estou em movimento, finalmente estou rasgando, uma a uma, minhas amarras. Não sou mais quem eu era. Não tenho mais os mesmos medos. Mas amar talvez seja o sentimento que mais desespere o ser humano. Não o ódio ou a tristeza, que são coisas muito certas. Nós voltamos a ser as crianças de dez anos que éramos com medo de que tirassem de nós nossos ursinhos de dormir e eles nunca mais voltassem. Porque nós só conseguíamos ter paz com eles, nós só conseguíamos dormir com eles. Então os abraçávamos forte contra nossos corpos e os sonhos ruins não aconteciam.

   Edgar A. Poe disse em algum momento que não era insano, exceto pelas ocasiões em que seu coração era tocado. Talvez eu compartilhe um pouco desse pensamento com ele.

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