Percebo que perco metade do meu tempo de vida tentando controlar os acontecimentos. Seja entre prever o futuro e evitar acidentes, seja contabilizar quantas vezes me declarei no mesmo dia e como aquilo pode soar muito exagerado. Seja imaginar que nunca conseguirei entrar na pós-graduação, seja pensar que tudo que estou fazendo e tenho feito nesses três anos em relação ao meu curso é inútil. Tento estar no controle e, no final, sou controlada. Cada passo meticulosamente calculado. Cada palavra milimetricamente examinada antes de ser dita.
Bom, não é nenhum surto de positividade. É apenas cansaço. Estou exausta desse tipo de atitude. Por mais que eu tente controlar, sempre termino com o controle fora do painel e meu corpo estraçalhado no chão. Choque, não podemos controlar as coisas. Podemos no mínimo prever, e nem isso é uma garantia.
“Você está no controle de sua vida”, “você é o piloto do seu próprio carro”, “você é a única pessoa que pode determinar seu futuro”. Sim, somos. Até certo ponto. Mas nós não sabemos quais as forças que irão nos afetar. Nós nunca estaremos preparados o suficiente e é disto que estou falando. Passo muito tempo me preparando para tudo. Um legítimo soldado sempre pronto para a guerra. E a guerra nunca chega. As vezes é no máximo um tiro para o alto ou um tiroteio entre grupos. E lá estou eu com minha roupa camuflada e meu capacete ridículo que mais parece um penico.
Eu definitivamente não sei mais de nada. Talvez nunca soube, para falar bem a verdade. E também estou saindo do campo de batalha. Estou colocando as armas no chão e levantando bandeira branca. Sem colete à prova de balas. É difícil se movimentar usando um.